A imigração polonesa sempre foi bastante negligenciada na história do município de Rodeio, considerado essencialmente de origem italiana e tirolesa (trentina). Os poloneses chegaram em Rodeio a partir de 1890, se fixando exclusivamente em Ipiranga (Pirànga) que pertencia a Linha Colonial São Pedrinho Novo. Uma questão importante é que quando migraram não existia uma pátria Polônia, pois está havia sido incorporada no século XVIII pela Prússia (Alemanha), Rússia e Áustria-Hungria. Entretanto, na maioria das vezes esses imigrantes vinham com uma identidade polonesa e defendiam a independência da sua nação. No caso dos Ostrowski, eram de nacionalidade russa.
Um casal de imigrantes poloneses de destaque na comunidade foram Estanislau Ostrowski, nascido em 1869 e Francisca Andrujewska que era descendente de ucranianos, nata em 1868. Chegaram em Rodeio em 1890, se instalando na localidade de Ipiranga. Ali tiveram muitos filhos, tais como Josef, Josefa, Estanislau, Maria, Francisco e Helena (gêmeos), Konstansky, Sofia e Brunislava. O casal deixou, portanto, muitos descendentes na localidade de Ipiranga. Segundo o Livro de Óbitos, Estanislau faleceu em 1926, aos 57 anos, enquanto Francisca veio a óbito em 1945, com aproximadamente 77 anos de idade.
A participação dos poloneses na sociedade local esteve bastante associada à agricultura, embora alguns indivíduos se destacaram em outras funções, caso das parteiras, como a própria babcia (avó em polonês) Francisca Ostrowski, que viera formada da Polônia e foi uma das pioneiras do ramo em Rodeio. Essa peculiaridade demonstra também a presença de mão de obra qualificada, já que parte dos imigrantes em geral traziam utensílios e empregavam seus conhecimentos atuando na condição de professores, pedreiros, artesãos e carpinteiros. Entretanto, cabe mencionar que os poloneses ficaram com os piores lotes, por terem chegado depois dos italianos e tiroleses e, por em geral, possuírem menos recursos financeiros.
Um dos filhos do casal, Estanislau, nasceu em 1896 em Rodeio e casou-se com outra moradora de Ipiranga, Ana Notari, esta filha de imigrantes italianos oriundos da cidade de Cengo (província de Cremona, região da Lombardia, Itália). A partir disso, percebemos a existência de uma circularidade cultural, onde as culturas italianas e polonesas acabaram por se fundir em Ipiranga. Por outro lado, se tratando de uma sociedade majoritariamente de língua italiana, esta se sobressaiu em relação a polonesa. Ainda assim, cabe mencionar que havia questões em comum, uma vez que eram predominantemente católicos e cultuavam não apenas os santos, como também respeitavam arduamente os santíssimos sacramentos.
A religiosidade era uma questão muito importante entre os poloneses, tanto que era muito comum colocarem o nome de seus filhos de Estanislau (Stanislaw), santo muito popular na Polônia, natural da região da Cracóvia que viveu durante a Idade Média. Além disso, a própria escolha de Nossa Senhora de Lourdes como padroeira de Ipiranga partiu de iniciativa da família Ostrowski, que trouxera da Polônia um quadro com a imagem da santa. Inicialmente fizeram uma capela rústica de madeira, que depois foi substituída pela capela atual, mais bonita e moderna, inaugurada em 1906 sob liderança da família Notari.
